Antes de falarmos sobre consequências do uso das drogas na sociedade, precisamos entender um pouco sobre como essas substâncias chegaram ao patamar que apresentam hoje.
O uso desse tipo de substância remonta aos primórdios da civilização, e no começo de tudo ervas, incensos, venenos, eram usados para rituais religiosos, ou na medicina.
Das civilizações mais antigas temos o Egito que era conhecido como o armário de remédios do mundo, já que eram conhecedores e usuários de vários tipos de toxinas e substâncias psicoativas.
Nos papiros que foram encontrados em escavações, identificou-se o uso da mirra e do olíbano em rituais de magia, e também o consumo de cerveja vermelha.
Quando os invasores chegaram às Américas encontraram os indígenas que faziam cerimônias usando ervas em forma de fumo, para terem contato com os ancestrais.
Seja na América do Norte, Central, ou do Sul, cada povo ameríndio possui sua erva, seu chá, sua cerimônia, que ajuda o corpo ficar mais leve para que o espírito possa se elevar e ter visões.
Mas, o que é “esse corpo mais leve”?
É justamente a sensação que algumas substâncias psicoativas produzem na mente dos usuários, e que faz com que a maioria dos dependentes continuem consumindo, para terem a sensação de estarem fora desse mundo.
Os povos antigos sabiam dos perigos de consumir demasiadamente determinados produtos, tanto que dentro dessas civilizações o uso era restrito para cerimônias religiosas e somente pelos sacerdotes e iniciados.
Nos povos indígenas somente os xamãs e chefes de tribo tinham a liberdade de usar as ervas e chás que propiciavam as “visões” do mundo espiritual.
É bom perceber que nessas épocas os produtos que permitiam essas “viagens” eram controlados pelo fator religioso.
As ervas aromáticas eram tão populares e valiosas que quando Jesus nasceu, os 3 Reis presentearam com ouro, incenso e mirra, presentes dignos somente da realeza e das pessoas mais ricas.
Após o uso religioso, algumas civilizações começaram a usar ervas, flores e álcool para perfumaria.
E, de novo, produtos que eram acessíveis somente às camadas mais ricas da população, os franceses, líderes na produção de perfumes sofisticados, conseguiram como ninguém extrair os aromas de plantas e flores.
Mas, como então tudo isso chegou nos dias atuais como um problema social e que faz mal aos seus usuários.
O uso das de drogas nos dias atuais
Basicamente, podemos dizer que os jovens não procuram usar rogas para sentirem desconforto.
Isso é um fato que os próprios usuários e a sociedade não levam em conta quando falamos de dependência química.
O dependente de cocaína de hoje, não usa a droga para fazer mal a seu corpo, nem para causar desgosto em seus entes queridos.
Ele usa para ficar “longe” da realidade por algum tempo.
O intuito do uso da droga é sentir “prazer”, nunca dor, nunca desconforto, nunca tristeza e nunca mágoa.
Porém, as drogas usadas hoje em dia são muito mais fortes e viciantes do que as que eram usadas pelos sacerdotes e xamãs séculos atrás.
E isso aconteceu pois os fornecedores da droga descobriram que quanto mais eles misturarem a droga original, mais dinheiro lucrariam.
O usuário de drogas quer ter momentos que o tire de suas dores reais.
Muitas pessoas começam a consumir substâncias psicoativas quando passam por uma dor muito grande, quando possuem problemas sociais muito sérios.
Com essa motivação podemos entender porque os mais pobres e menos favorecidos se entregam ao uso de entorpecentes, pois é complicado viver uma vida de extrema pobreza onde tudo falta.
Além da pobreza geralmente também tem a questão do abuso, da violência dos pais, e então esse jovem descobre que se ele fumar um “baseado” ele ficará livre por alguns momentos de todo esse quadro de horror.
Por alguns momentos ele não vai sentir a dor da violência, não vai ouvir os gritos das brigas, não vai perceber toda a miséria que está ao seu redor.
Quando falamos de usuários favorecidos social e economicamente, podemos afirmar que eles também têm seus problemas que podem ser relativos ao descaso dos pais, à falta de atenção e carinho (que acontece muito nas esferas mais altas).
No âmbito social desses dois mundos, vemos que os jovens que usam substâncias psicoativas acabam causando um impacto no mundo que vivem, onde os não usuários acabam discriminando, ou fingindo que não existem.
Não adianta, por mais que o tempo passe, a sociedade ainda associará o uso de drogas com marginalidade, violência e problemas de conduta, mesmo que o usuário não esteja envolvido com nada desses elementos.
Isso acontece pois na maioria dos casos de criminalidade os infratores são dependentes, ou usaram o efeito das drogas para criarem “coragem” para realizar os delitos.
E percebemos isso mesmo em nossos entes queridos que são dependentes, pois muitas vezes quando estão sob efeito da droga, tornam-se “outras pessoas”.
Com todo esse quadro, conseguimos afirmar que o usuário entra no consumo de drogas para ter boas experiências, e sempre acredita que “controlará” o uso, nunca pensando em se tornar alguém dependente.
As consequências do uso de drogas no contexto geral
Depois de um tempo usando as drogas, o usuário percebe que não tem controle de absolutamente nada, e é nesse momento que muitos se retraem e tentam resolver o problema sozinhos.
A maneira de agir desses dependentes, sempre escondendo e enganando, faz com que os familiares e amigos percebam a dependência quando a coisa já está muito avançada e existe bem pouco a fazer.
Mas, qual o impacto disso dentro do âmbito social geral?
Consequências do uso de drogas na sociedade
Como os dependentes químicos, podem influenciar o quadro social como um todo?
Quando falamos de sociedade temos que englobar os diversos núcleos que, de uma forma ou de outra, interagem com o usuário de drogas.
Sendo assim, o núcleo escolar, o emprego, as amizades, a família, todos eles sofrem um impacto diferente com a presença de um dependente químico.
Na escola, é preciso que os professores, a direção, conheçam o problema.
Eles possuem qualificação e meios para lidar com a situação de uma forma mais profissional e que não cause discriminação.
Assim, quando os pais percebem que existe o problema da dependência é importante informar o local de ensino, para que no caso de faltas, ou conduta diferente, todos já saibam como agir.
Muitas vezes a droga é conseguida dentro do ambiente de ensino, e se isso for de conhecimento da direção, provavelmente já existirão planos de contingência para instruir os alunos, funcionários e professores.
Principalmente nas escolas da periferia, onde os adolescentes são alvos fáceis na mão dos traficantes, é importante haver uma forma de educar e alertar alunos e pais para esse tipo de ocorrência.
Dentro desse quadro é importante que a direção da escola tenha noção que o traficante pode ser um pai/irmão dos alunos e participam desse contexto, muitas vezes inibindo as ações de conscientização dos envolvidos.
Nesses casos é importante não expor os alunos envolvidos, e proporcionar medidas de segurança para todos aqueles que não desejem se envolver com o uso de drogas (os “caretas” costumam sofrer violência por parte dos usuários).
Assim, a instituição de ensino precisa prestar o serviço que é esperado de maneira que TODOS os alunos (usuários, ou não) tenham um mínimo de ambiente saudável e seguro para seguir seus estudos.
Dentro do núcleo familiar é preciso existir interesse e, principalmente, diálogo.
Muitos jovens caem na dependência pela completa falta de oportunidade de conversar com pais e irmãos.
O uso de drogas pode ser o apelo mudo por atenção, perante um problema que esteja passando, ou mesmo dúvidas em como agir em alguma situação específica.
É importante que os pais conheçam seus filhos profundamente, e sempre estejam por perto em todos os momentos.
Reuniões familiares são a melhor forma de ter tudo sobre controle.
O hábito de fazer as refeições todos juntos, ou viagens e passeios, é uma maneira agradável de demonstrar carinho e que existe alguém para amparar sempre que for necessário.
Atualmente, com a ocorrência alta de gravidez na adolescência, os jovens pais podem ser ainda imaturos, e precisarão da ajuda de seus próprios pais para encaminhar essa nova vida.
Dessa maneira o núcleo familiar expandido (avós, tios, primos) também precisa ser próximo, para criar a sensação de segurança e sensibilidade que é necessária para o desenvolvimento completo de crianças e jovens saudáveis.
Quando o problema surgir é preciso tratar com afeto, e estar aberto para ajudar o dependente em tudo que ele precisar, às vezes eles tentam resolver tudo sozinhos, mas em alguns casos isso não é possível.
Assim, estender a mão e não criticar, ou fazer cobranças, pode ser o caminho mais curto para encontrar uma solução definitiva para o problema.
Se o dependente químico possuir um emprego fixo, poderá começar a faltar, ou se atrasar constantemente e ainda não desempenhar suas funções corretamente.
Também é importante que a família converse com os empregadores, para que não se provoque um status de negligência que poderá fazer com que o dependente nunca mais arrume trabalho.
Antes de ocorrer uma situação muito desagradável, é bom procurar o superior hierárquico mais próximo e falar sobre a situação.
Em alguns casos isso causará uma demissão e em outros a empresa poderá ajudar no custeio e apoio ao tratamento, no caso de demissão, porém não haverá motivo para ser por justa causa ou completamente sumária, o que tiraria os direitos do empregado.
Consequências do uso de drogas no Sistema de Saúde
Quando o dependente químico busca ajuda no Sistema de Saúde, encontra profissionais qualificados em seu problema para ajudar e iniciar um tratamento.
No Sistema público existem hospitais que possuem programas voltados para os dependentes de todo tipo de substância.
O tratamento geralmente inclui aconselhamento psicológico e, dependendo da gravidade do problema, são receitados remédios para controle de crises e também de abstinência.
Com o grande número de dependentes químicos, o sistema ainda não possui uma forma de abranger todos usuários e manter uma vigilância estreita para que não haja reincidência.
Assim, é comum um usuário de drogas leves passar pelo programa básico, e retornar tempos depois com um quadro mais grave.
A deficiência maior do Sistema de Saúde é a falta de profissionais especializados em dependência química, geralmente os trabalhos e sessões de terapia são feitos sob a supervisão de clínicos gerais que não possuem a formação e conhecimento suficiente para lidar bem com o problema.
Ainda ocorre dos casos menos graves serem desligados logo do tratamento para abrir lugar para novos pacientes.
Essa falta de acompanhamento pode causar a reincidência, e gerar um problema mais grave para o sistema mais tarde.
Consequências do uso de drogas nas Autoridades Políticas
Há muito tempo se discute a possibilidade de legalizar as drogas.
Porém, inúmeros fatores sociais, econômicos e políticos fazem com que essa legalização seja contestada e precisar de muito estudo antes de acontecer.
Dessa maneira, o papel das autoridades é manter uma lei de proibição com punições severas no âmbito policial, tanto para quem vende quanto para quem compra.
Uma das discussões acerca dessa política, é justamente a punição para o usuário.
A dependência é uma doença, e punir quem possui essa enfermidade pode prejudicar ainda mais o quadro clínico.
A lei é muito “moldável” não possuindo rigidez e coerência em alguns casos, o que faz com que seja muito fácil driblar suas diretrizes.
Em locais com alta incidência de tráfico e usuários, o contingente policial precisa ser reforçado e muitas vezes, em confronto com os traficantes, esses profissionais acabam sucumbindo, bem como muitos civis, inclusive crianças.
Assim, podemos afirmar que o maior problema causado pela dependência é a violência por parte de usuários e traficantes, que na ânsia de manterem seu direito de ir e vir e participar da sociedade, não medem seus atos.
Sem dúvida, o medo que a população em geral tem dos delitos cometidos por pessoas sob a influência de drogas, é o maior motivo que leva essas substâncias serem proibidas e rechaçadas pela lei, pelo governo, e pela polícia.
Consequências do uso de drogas para o usuário
Deixamos as consequências para o usuário por último, não por serem menos importantes, mas por constituírem a ponta do problema como um todo.
A pessoa que usa drogas desenvolve sérias patologias físicas e psíquicas que devem ser tratadas de maneira eficaz para que se crie a possibilidade da total reabilitação.
Não é de interesse do governo que existam milhares de cidadãos dependentes, pois isso ocasionaria um ônus muito grande no sistema social e previdenciário.
Dessa forma, a ação de família junto desses usuários é fundamental, para evitar que a dependência se torne um risco para o dependente e para a sociedade em geral.
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André Nunes
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